1) O que é interseccionalidade?, de Carla Akotirene (resenha)

Como o título sugere, a obra trata sobre o conceito e os fundamentos da interseccionalidade enquanto metodologia alicerçada na análise dos sujeitos a partir da combinação de marcadores sociais que integram a sua existência, proposta desenvolvida pelo feminismo negro. Apesar de curto, o livro é repleto de informações e diversas referências para que o leitor dê continuidade aos estudos do tema. Essa foi uma leitura muito proveitosa, que me ajudou bastante a compreender melhor as diferentes demandas do movimento feminista e, por conseguinte, a necessidade de uma abordagem interseccional em nossas reflexões.

2) Se Deus me chamar não vou, de Mariana Salomão Carrara

Esse foi o único livro de ficção que entrou para a minha lista de melhores do ano. Não sabia do que se tratava, apenas tinha visto comentários positivos e o título chamou a minha atenção, portanto resolvi dar uma chance e tive uma ótima surpresa. A trama é narrada por uma criança e, por essa razão, consegue trabalhar com leveza questões que muitos entendem como complexas. Essa é uma leitura bastante fluida e rápida, divertida em alguns momentos, delicada em outros, e que realmente surpreende. 

3) Gênero e desigualdades: limites da democracia no Brasil, de Flávia Biroli (resenha)

Assim como "O que é interseccionalidade?", essa foi uma leitura para o projeto Biblioteca Feminista e uma experiência muito enriquecedora, que me trouxe novas perspectivas sobre a participação no feminismo. Nesse livro, a autora trabalha diferentes temáticas atinentes ao movimento feminista sob o prisma da divisão sexual do trabalho. São tratados tópicos como o caráter político das tarefas de cuidado, as implicações das relações familiares na construção do gênero, o aborto e a autonomia feminina. Esse foi o meu primeiro (de vários) contato com a obra da Flávia Biroli.

4) Pequeno manual antirracista, de Djamila Ribeiro (resenha)

Em 2020 li alguns livros da Djamila Ribeiro e Pequeno manual antirracista foi o que eu mais gostei. Basicamente, a autora traz uma abordagem introdutória sobre as questões raciais e o caráter estrutural dessa problemática. De forma simples e objetiva, a obra esclarece a urgência de se adotar uma postura antirracista e apresenta um passo-a-passo para tanto.

5) Pensando como um negro: ensaio de hermenêutica jurídica, de Adilson José Moreira

O Adilson José Moreira é mestre e doutor em Direito Constitucional e nesse livro traz importantes contribuições para o debate racial nesse campo, no sentido de propor reflexões sobre o princípio da igualdade e o papel da subjetividade no processo de construção e aplicação das normas jurídicas. Essa foi a minha melhor experiência de leitura de 2020, porquanto me permitiu pensar mais sobre o potencial transformador do sistema jurídico no tocante às estruturas da nossa sociedade. "Pensando como um negro" foi um grande achado desse ano, com muitas referências para continuar a estudar sobre o tema.