6 livros para 2021

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Ao elaborar minhas metas para 2020, escolhi 6 livros que gostaria de ler durante o ano e defini 2 meses para a leitura de cada um. Apesar de ter lido apenas 3 dessas obras, entendo que esse formato funcionou e por esse motivo resolvi separar também 6 livros para 2021, os quais compartilho nesse post.



Janeiro e Fevereiro: Hitler, de Ian Kershaw
Kershaw escreve baseado na farta documentação já conhecida e em novas fontes, como o surpreendente diário de Goebbels, redescoberto no início da década de 1990, que traz revelações mais íntimas sobre as atitudes, as hesitações e o comportamento de Hitler no poder. A trajetória inteira desse indivíduo que parecia destinado ao fracasso e que acabou na direção de um dos países mais desenvolvidos, cultos e complexos da Europa é esmiuçada pelo autor, em busca de uma explicação para essa incrível trajetória ascendente, para o domínio que Hitler exerceu sobre as elites alemãs e para a catástrofe que causou em seu país e no resto do mundo.
Sem desprezar os traços de personalidade do ditador na explicação da história, o autor enfatiza os aspectos sociais, políticos e econômicos da sociedade alemã traumatizada pela derrota na Primeira Guerra, a instabilidade política, a miséria econômica e a crise cultural. E, em vários momentos, Kershaw permite-se fazer exercícios contra factuais, perguntando-se como tudo poderia ter sido diferente se, por exemplo, a elite conservadora alemã tivesse se comportado de outra maneira, ou se as potências ocidentais não tivessem hesitado tanto, ou mesmo se Hitler simplesmente não tivesse tido tanta sorte (sua sobrevivência a vários atentados, por exemplo, se deveu muitas vezes ao acaso).

Março e Abril: A menina que roubava livros, de Markus Zusak
Ao perceber que a pequena Liesel Meminger, uma ladra de livros, lhe escapa, a Morte afeiçoa-se à menina e rastreia suas pegadas de 1939 a 1943. A mãe comunista, perseguida pelo nazismo, envia Liesel e o irmão para o subúrbio pobre de uma cidade alemã, onde um casal se dispõe a adotá-los por dinheiro. O garoto morre no trajeto e é enterrado por um coveiro que deixa cair um livro na neve. É o primeiro de uma série que a menina vai surrupiar ao longo dos anos. O único vínculo com a família é esta obra, que ela ainda não sabe ler. Assombrada por pesadelos, ela compensa o medo e a solidão das noites com a conivência do pai adotivo, um pintor de parede bonachão que lhe dá lições de leitura. Alfabetizada sob vistas grossas da madrasta, Liesel canaliza urgências para a literatura. Em tempos de livros incendiados, ela os furta, ou os lê na biblioteca do prefeito da cidade. A vida ao redor é a pseudo-realidade criada em torno do culto a Hitler na Segunda Guerra. Ela assiste à eufórica celebração do aniversário do Führer pela vizinhança. Teme a dona da loja da esquina, colaboradora do Terceiro Reich. Faz amizade com um garoto obrigado a integrar a Juventude Hitlerista. E ajuda o pai a esconder no porão um judeu que escreve livros artesanais para contar a sua parte naquela História.

Maio e Junho: Clarice, uma biografia, de Benjamin Moser
Escrita pelo norte-americano Benjamin Moser, a obra foi resenhada com amplo destaque no Brasil e no exterior, tendo sido eleito um dos melhores lançamentos do ano pelo New York Times. Na biografia, Moser revela, pela primeira vez, aspectos fundamentais na trajetória da escritora. A biografia confirmou Clarice Lispector no cenário internacional como uma grande autora do século XX, comparada a James Joyce, Jorge Luis Borges, Virginia Woolf e Kafka.
Benjamin Moser soube encadear numa narrativa envolvente trechos de textos de Clarice, de seus contemporâneos, depoimentos e documentos inéditos. Postas lado a lado, duas citações já conhecidas muitas vezes ganham um novo e inesperado sentido. Revelam-se, assim, aspectos desconhecidos da vida da escritora. A cada capítulo o narrador se volta para o livro que Clarice estava escrevendo ou publicando naquele momento, o que faz da biografia também um guia de leitura, uma porta de entrada para o universo clariciano.

Julho e Agosto: Memórias de Adriano, de Marguerite Yourcenar
Um personagem real: o grande imperador romano, Adriano; e memórias “reinventadas”, escritas em primeira pessoa. Iniciado em 1924 e concluído em 1951, Memórias de Adriano teve muitos manuscritos destruídos, desaparecidos, abandonados, num intenso processo de pesquisa, escrita e reescrita. Nele, Marguerite Yourcenar recria a vida do imperador Adriano — seus triunfos e reveses — e o reordenamento gradual que impôs a um mundo dilacerado pela guerra. Adriano configura-se num exemplo dos melhores atributos do Humanismo antigo. Tudo isso com a imaginação, histórica e criticamente depurada, de uma grande escritora, além de sua prosa tanto elegante quanto precisa.

Setembro e Outubro: A via crucis do corpo, de Clarice Lispector
Publicados pela primeira vez em 1974, os 13 contos que compõem A via crucis do corpo, de Clarice Lispector, são precedidos por uma explicação da autora. Ela diz que as histórias foram feitas sob encomenda e que, contrariando sua vontade inicial, aceitou a tarefa por puro impulso. Tentou assiná-lo com o pseudônimo Cláudio Lemos, mas acabou sucumbindo ao argumento de que deveria ter liberdade para escrever o que quisesse. E foi o que fez, num único fim de semana. Mas registrou: "Se há indecências nas histórias a culpa não é minha."
A via crucis do corpo não tem nada de imoral; é, antes de tudo, uma fresta no cárcere social que mantém a mulher condutora de todos os contos, supostamente distante de seus desejos e fantasias. Ou dos fardos, como a virgindade. O que Clarice fez foi apenas descrever, de forma leve e bem-humorada, algumas dessas benditas transgressões.

Novembro e Dezembro: O vermelho e o negro, de Stendhal
O protagonista desta obra eterna é o jovem Julien Sorel, "um homem infeliz em guerra com a sociedade", na definição de seu criador. Perdido no interior da França, o filho de um comerciante de madeira nutre sonhos de grandeza heroica, sem se dar conta de que ficaram para trás os tempos em que um jovem tenente de artilharia podia tornar-se cabeça de um Império. Este livro é a narrativa desse desencontro histórico, em suas menores reverberações. No rescaldo da derrota de Napoleão, as carreiras são tortuosas e os amores são difíceis. Para chegar a Paris, Julien Sorel passará por um seminário de província, aceitará um posto subalterno junto a uma grande família e será amante de duas mulheres únicas e díspares.

Que 2021 seja um ano de ótimas leituras!

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