Americanah, de Chimamanda Ngozi Adichie

18:30:00



"E ela disse: 'Quer dizer que o cabelo dela não é daquele jeito naturalmente?'. Só eu que acho, ou isso aí é a metáfora perfeita para a raça nos Estados Unidos? Cabelo." (Pág. 321)

Após viver durante quase quinze anos nos Estados Unidos, Ifemelu decide que está na hora de dar adeus à vida de imigrante. Se preparando para voltar ao seu país de origem, a Nigéria, a jovem começa a pensar em tudo o que aprendeu nesse lugar tão diferente de onde ela nasceu, em todas as dificuldades que enfrentou, na sua infância e em como ela irá encontrar aquelas pessoas que tiveram importantes papéis na sua vida, mas que ela não vê há mais de uma década.

Entre essas pessoas está Obinze, namorado que Ifemelu deixou na Nigéria quando decidiu se mudar para os Estados Unidos. Pensando no seu futuro, a nigeriana saiu de seu país após cursar três anos de faculdade marcados por constantes greves. O combinado era que Obinze iria para os EUA depois de concluir os estudos, porém nem tudo contribuiu para que o casal permanecesse junto. Será que o retorno de Ifem pode mudar essa situação?


Ifemelu é uma jovem nigeriana que, assim como a maior parte dos habitantes de países pouco desenvolvidos, tem a ideia de que os Estados Unidos são um lugar repleto de oportunidades, onde é mais fácil encontrar circunstâncias favoráveis para a sua sobrevivência do que no seu local de origem. Infelizmente, isso não passa de uma ilusão. Durante a leitura de Americanah é possível perceber que esse "país dos sonhos" pode ser muito duro com aqueles que migram para lá em busca de melhores condições de vida.

Outro tema retratado pela Chimamanda nessa obra, além da imigração, é a questão racial. Antes de sair da Nigéria, Ifemelu nunca tinha visto a si mesma como negra, afinal, para ela isso não tinha a menor importância, o quesito "raça" não significava nada. Ao chegar naquele país novo, a jovem percebe que a cor da pele é considerada pela maior parte das pessoas como uma característica responsável por definir o caráter de alguém, como algo capaz de determinar a posição social que esse alguém deve ocupar.

Por fim, há outro assunto explorado em Americanah: a questão de gênero. O feminismo não é abordado com tanta intensidade como os outros temas que já citei aqui, mas mesmo assim está presente nessa obra e é possível percebê-lo em situações nas quais a dependência das mulheres e o tratamento dado a elas são exemplificados.

Todos esses assuntos são muito bem abordados e promovem importantes discussões, o que deixa o leitor pensando em diversos momentos, causando reflexões extremamente necessárias. A imigração, o racismo e o feminismo são questões bastante presentes nos dias atuais, portanto é preciso sempre falar sobre elas.


Após um tempo morando nos EUA, a personagem principal cria um blog anônimo, "Raceteenth ou Observações diversas sobre negros americanos (antigamente conhecidos como crioulos) feitas por uma negra não americana", no qual faz postagens sobre ocasiões que viu, vivenciou ou que lhe contaram, todas envolvendo o que é informado no título do site. Em alguns capítulos, geralmente no final deles, são colocados posts feitos por Ifemelu, cada um melhor e mais interessante do que o outro.

A forma como a autora trata essas temáticas é incrível. Todos os argumentos são muito bem empregados e provocam choque no leitor, pois apesar de serem coisas aparentemente "óbvias", já que são constantes na nossa sociedade, ainda nos surpreendem. Afinal, não há como não ficar surpreso com tamanha ignorância de algumas pessoas. Esse foi o meu primeiro romance da Chimamanda e não vejo a hora de ler as outras obras dela. Já havia lido o (sensacional) discurso Sejamos Todos Feministas e me apaixonado pela escrita dessa mulher, agora o amor só aumentou.

"Vivemos numa economia de puxa-saquismo, sabia? O maior problema desse país não é a corrupção. O problema é que há muitas pessoas qualificadas que não estão onde deveriam estar porque não puxam o saco de ninguém, ou porque não sabem que saco puxar ou porque nem sabem como puxar um saco. Eu tenho sorte, estou puxando o saco certo' Ela sorriu." (Pág. 86/87)


Minha Estante #57
Título: Americanah
Autor (a): Chimamanda Ngozi Adichie
Páginas: 516
Editora: Companhia das Letras
Nota: 5/5
Onde comprar: Amazon | Americanas | Livraria Saraiva | Submarino

Livro representante da Nigéria para o projeto Lendo o Mundo

Gostei tanto que tive que fazer resenha em vídeo também!



Espero que tenham gostado das duas resenhas! Se inscrevam no canal para receber as próximas atualizações, já que muitas vezes eu não posto o vídeo aqui no blog no mesmo dia em que ele vai ao ar no YouTube. 
Já leram ou pretendem ler Americanah ou outro livro da Chimamanda? O que acharam dessa obra? Me contem nos comentários!
Beijos e até o próximo post!

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1 comentários

  1. Quero muito ler essa obra. Não pelo enredo em si, mas pelas questões tratadas. O racismo, a questão do feminismo e principalmente da imigração me interessam bastante. Ademais, li um outro livro da autora, Sejamos todos feministas, e gostei bastante.
    Adorei a resenha. Sem dúvidas, aumentou minha vontade de ler a obra.

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