A Santa Aliança, de A. J. Kazinski

14:00:00


“O menino afastou as mãos para que Eva pudesse ver o que ele tinha desenhado: duas pessoas; dois homens. Um cravava algo nas costas do outro; talvez uma faca." (Pág. 28)


Eva Katz era uma jornalista dinamarquesa. Após a morte do noivo, Martin, enquanto este participava de uma guerra, já que era militar, sua vida virou de cabeça para baixo. Os dois haviam comprado uma casa juntos, porém, como ainda não eram casados, ela não teve direito à indenização por conta da morte do militar. Sofrendo com essa situação, Eva abandonou a profissão e precisou ser incluída em um programa de busca de empregos. 

Com o auxílio dessa organização, a moça passou a trabalhar em uma creche, auxiliando na produção dos lanches das crianças e na organização de algumas turmas. Logo que começou o serviço, Eva conheceu um garotinho, Malte, que lhe mostrou um desenho estranho: a ilustração de um assassinato. Pouco tempo depois disso, a creche foi informada de que o tio de Malte havia cometido suicídio. Sem conseguir abandonar os instintos da sua antiga profissão, Eva decide começar a investigar esse caso. 

O livro é dividido em três partes (A Instituição, O Indivídio e O Castelo), cada uma separada em dias e cada dia retratado em capítulos que indicam o local e o horário em que determinado ocorrido é narrado. Os capítulos no geral intercalam a história de Eva, essa mulher que está tentando recomeçar a vida após a morte do noivo e o fim da sua carreira no ramo jornalístico, e os acontecimentos no trabalho de Marcus, o principal representante do grupo envolvido no caso que está sendo investigado pela ex-jornalista. Portanto, logo no início o leitor tem conhecimento do que realmente aconteceu com o tio de Malte, o garotinho da creche. 


Christian Brix, tio de Malte, foi assassinado devido ao seu envolvimento direto com a monarquia. Nesse contexto, a estrutura de governo da Dinamarca, assim como a de outros países da Europa, é assegurada por uma instituição muito semelhante à Santa Aliança, um acordo político criado no século XIX com o objetivo de manter os regimes autoritários europeus. Ou seja, nesses territórios, diferentemente do que a população acredita, os verdadeiros governantes são os integrantes da realeza e existem pessoas comuns que arriscam suas vidas para conservar a monarquia. Sendo assim, a obra apresenta um grande desenvolvimento nos âmbitos histórico e político e as instituições, tanto a que governa como a que protege os líderes, são muito bem construídas.

Como já mencionei, as partes do livro são dividas em capítulos e a maior parte deles é bem curta, além de ser repleta de diálogos, de modo que a leitura é bastante rápida. Em contrapartida, a história demora para se desenrolar. Pelo fato de esses capítulos serem intercalados entre Eva e outro personagem, enquanto a ex-jornalista está tentando entender o que está ocorrendo ao seu redor, o leitor já tem noção desses acontecimentos, o que acaba deixando quem está lendo ansioso para que a protagonista consiga desvendar tudo logo, algo que não acontece. O processo de investigação de Eva é bastante arrastado e nas 100 primeiras páginas não acontece praticamente nada, parece que a história ainda nem começou. Esse aspecto somado ao fato de que eu não me conectei com a trama nem com os personagens acabou atrapalhando a minha experiência com A Santa Aliança.

Outro aspecto que me incomodou um pouco foi uma suposta paixão que surgiu no meio da história. A partir de um dado momento, o Marcus, um dos integrantes da Instituição e responsável pela morte de Brix, demonstra estar envolvido por Eva. Acontece que os dois se encontraram somente no dia em que ele invadiu a casa da mulher para tentar interrromper a sua participação na investigação do caso numa tentativca de assassinato. Na minha opinião, esse sentimento súbito não fez muito sentido.

A Santa Aliança foi escrito por dois autores dinamarqueses que utilizam o pseudônimo A. J. Kazinski. A escrita deles é bastante simples e objetiva, o que contribui para que a leitura seja bastante fluida. A minha experiência com essa obra acabou demorando um pouco porque, apesar de o ritmo da leitura ser rápido, graças à escrita e ao tamanho dos capítulos, eu não consegui me envolver com a história, de maneira que eu demorava para pegar o livro para ler. Confesso que me decepcionei um tanto com o final. O desfecho da trama acaba ficando em aberto e eu acredito que com quase 500 páginas não havia necessidade de isso acontecer. Entretanto, se você gosta de enredos políticos bem desenvolvidos e quer conhecer uma obra ambientada em um contexto bastante diferente do nosso, esse título está recomendado.

“Quando nos vemos em meio a catástrofes, temos três opções: fazer o certo, fazer o errado ou não fazer nada. As duas primeiras talvez nos salvem a vida. Não fazer nada sem dúvida vai nos custar a vida." 


Minha Estante #84
Título: A Santa Aliança
Autor (a): A. J. Kazinski
Páginas: 488
Editora: Tordesilhas
Nota: 3/5
Onde comprar: Amazon | Americanas | Saraiva | Submarino
Livro cedido em parceria com a editora

Livro representante da Dinamarca para o projeto Lendo o Mundo

Já leram A Santa Aliança? O que acharam da história? Me contem nos comentários! 
Beijos e até o próximo post!

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6 comentários

  1. Gabi!
    Gosto de enredos inseridos no cenário político e ainda mais aqui que é em um país que nunca tinha visto um livro que é a Dinamarca.
    Não entendi também inserir um romance nada haver no livro, mas esses escritores tem lá seus motivos...
    Achei que seria um livro mais interessante.
    “O verdadeiro sentido do Natal não está nos presentes e nem no papai noel, mas sim no nascimento de Jesus Cristo, que veio ao mundo para nos libertar do pecado e ser o nosso único salvador!” (Andréia Godoi)
    Boas Festas!
    cheirinhos
    Rudy
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
    TOP Comentarista de DEZEMBRO ESPECIAL livros + BRINDES e 4 ganhadores, participem!

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    1. Oi, Rudy! O contexto político da obra é bem interessante, mas o restante não é tão envolvente assim. Beijos ♥

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  2. Não sei... Acho que tinha uma boa chance de ser uma história maneira de investigação, cheia de teorias da conspiração e com uma mulher no centro de tudo, mas como o crime já é "desvendado" desde o começo, parece que perde a graça. Não vejo sentido isso acontecer num enredo sobre jornalismo investigativo.

    Adorei o "atrapalhou minha experiência". Achei que foi um eufemismo sincero kkk

    Beijo!

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    1. Pois é, Natália! Essa revelação no começo acabou atrapalhando o desenvolvimento do processo investigativo. Beijos ♥

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  3. Esse fato do sentimento súbito não faz sentido em algumas histórias mesmo, a falta de verossimilhança dá um tom muito ingênuo à trama. Mas,acho que eu daria uma chance para esse livro!
    Abraço!

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    1. Verdade, Jailson. Infelizmente esse é um elemento muito constante em livros. Beijos ♥

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