Crime e Castigo, de Fiódor Dostoiévski
14:02:00
Ródion Románovitch Raskólnikov é um ex-estudante de Direito que precisou abandonar a universidade devido à falta de dinheiro. Sozinho em um quarto minúsculo, cujo aluguel está atrasado há alguns meses, o rapaz sobrevive com a pequena quantia que sua mãe lhe enviou junto com sua última carta e com o dinheiro que consegue penhorando objetos pessoais. Por conta dessas dificuldades financeiras, Raskólnikov decide assassinar uma velha usurária.
Aliena Ivánovna é uma mulher idosa que ganha a vida penhorando bens de diversas pessoas, incluindo Raskólnikov. Pelo fato de essa senhora ser bastante mesquinha e má, já que oferece uma quantia bem menor do que aquela que os objetos realmente valem e ainda cria dívidas para seus clientes, o ex-estudante acredita que estará fazendo um favor à sociedade ocasionando a sua morte, além de conseguir um dinheiro que irá permitir o seu retorno para a faculdade. Sendo assim, Raskólnikov mata a velha.
Antes mesmo de realizar o crime, enquanto visitava mais uma vez a casa da velha usurária para observar a posição dos móveis e afins, o ex-estudante ainda dispõe de algumas dúvidas quanto às suas motivações. Entretanto, ele segue se justificando com o princípio de que para promover determinadas mudanças, é permitido, de certa forma, romper as leis. Essa concepção é melhor desenvolvida em outro momento do livro, num trecho em que é introduzido um artigo escrito por Raskólnikov, no qual é até empregado o exemplo de Napoleão e outros governantes, que para instaurar uma nova ordem precisaram derrubar a antiga. O pior de tudo é que a tese criada e defendida pelo protagonista faz sentido.
Como o título sugere, Crime e Castigo levanta várias questões acerca do que é um crime, de como essa atitude é encarada na sociedade, o que leva uma pessoa a cometer um crime e coisas do tipo, e mostra que, geralmente, o crime é o seu próprio castigo. Essa noção é retratada através das mudanças de comportamento apresentadas por Raskólnikov, pois após assassinar Aliena e também a sua irmã, Lisavieta, que apareceu inesperadamente na casa da velha, o rapaz adoece, começa a ter febre e alucinações constantes, além de encarar as pessoas e lidar com elas de maneira bastante desconfiada. A forma como Raskólnikov se porta é muito inconstante, já que em dados momentos ele se mostra confiante de que tudo foi bem executado e que nada será descoberto, em outros ele acredita que aqueles que estão ao seu redor já sabem da coisa horrível que ele realizou e algumas vezes ele afirma que na verdade esse assassinato não chega a ser um crime, afinal, ele proporcionou algo positivo para a sua comunidade.
No início, logo que o personagem principal comete o crime, assassinando as duas mulheres, eu fiquei um tanto confusa em relação ao seu estímulo para isso. Eu tive essa sensação pelo fato de o Raskólnikov dizer que com a morte da velha seria possível suprir suas necessidades financeiras, mas ao sair da casa levar somente alguns pertences e no fim das contas nem ficar com eles. Basicamente o que ele faz é matar por matar, já que no final ele acaba escondendo o que roubou em um lugar distante de onde mora. Porém, com o desenvolvimento da história e, principalmente, a introdução da sua tese, eu consegui entender um pouco do que se passava na sua cabeça no momento em que o jovem decidiu efetuar o assassinato.
Raskólnikov, no seu artigo, defende a ideia de que existem dois tipos de pessoas: ordinárias e extraordinárias. As primeiras são indivíduos comuns, que se submetem às normas impostas tanto pelo Estado quanto pela sociedade; as segundas são seres que podem fazer aquilo que quiserem, pois as suas atitudes são capazes de mudar o mundo. Aos poucos, nós percebemos que o protagonista resolve matar a usurária não só pelo fato de ela ser "inútil", mas também para provar a sua tese, para descobrir se ele é um ser extraordinário ou não. Para alcançar esse resultado e constatar se ele possui o direito de matar, um direito consentido tanto pela sociedade como pela consciência individual, Raskólnikov arrisca a sua própria sanidade.
Portanto, o enredo de Crime e Castigo consiste no crime cometido por Raskólnikov e nos seus desdobramentos, acontecimentos que envolvem a mãe e a irmã do protagonista, que lhe fazem uma visita após ele ter feito o assassinato, enquanto estava bastante doente e perturbado, Razumíkhin, também ex-estudante de Direito e amigo de Raskólnikov, entre outros diversos personagens. Toda essa trama é bastante envolvente e, apesar dos intensos questionamentos e reflexões, o livro consegue de prender do início ao fim.
Esse foi o meu primeiro contato com o Dostoiévski e a leitura foi bem diferente do que eu imaginava. Eu achei que fosse demorar bastante para finalizar esse livro, mas eu me envolvi tanto com a história, fiquei tão curiosa acerca dos rumos que a vida do protagonista iria tomar, que acabei lendo a obra em cerca de dez dias. A escrita do autor não é complicada, por mais que empregue algumas estruturas mais formais que não são muito utilizadas atualmente, e a forma como ele consegue nos conectar com os pensamentos e os sentimentos do Raskólnikov mesmo com um narrador observador é incrível. Eu gostei demais desse personagem principal e por conta disso fiquei bastante angustiada em algumas situações de tão presente que eu me senti na sua vida.
Crime e Castigo é uma obra excelente e que levanta muitas questões interessantes. Ao acompanhar as etapas de antes, durante e depois do crime, o leitor consegue enxergar um pouco daquilo que se passa na mente de uma pessoa que resolve cometer um assassinato totalmente no impulso, com o objetivo de comprovar uma teoria. Através dessa trama também é possível se questionar acerca do valor de uma vida humana, afinal, o protagonista se sentiu no direito de determinar a importância daquela senhora para a comunidade, como se ela fosse algo descartável. Logo, esse é um livro essencial para refletir sobre o conceito de crime e como esse acontecimento afeta a vida das pessoas. Recomendo muito a leitura e com certeza pretendo ler outras coisas do Dostoiévski.
Como o título sugere, Crime e Castigo levanta várias questões acerca do que é um crime, de como essa atitude é encarada na sociedade, o que leva uma pessoa a cometer um crime e coisas do tipo, e mostra que, geralmente, o crime é o seu próprio castigo. Essa noção é retratada através das mudanças de comportamento apresentadas por Raskólnikov, pois após assassinar Aliena e também a sua irmã, Lisavieta, que apareceu inesperadamente na casa da velha, o rapaz adoece, começa a ter febre e alucinações constantes, além de encarar as pessoas e lidar com elas de maneira bastante desconfiada. A forma como Raskólnikov se porta é muito inconstante, já que em dados momentos ele se mostra confiante de que tudo foi bem executado e que nada será descoberto, em outros ele acredita que aqueles que estão ao seu redor já sabem da coisa horrível que ele realizou e algumas vezes ele afirma que na verdade esse assassinato não chega a ser um crime, afinal, ele proporcionou algo positivo para a sua comunidade.
Portanto, o enredo de Crime e Castigo consiste no crime cometido por Raskólnikov e nos seus desdobramentos, acontecimentos que envolvem a mãe e a irmã do protagonista, que lhe fazem uma visita após ele ter feito o assassinato, enquanto estava bastante doente e perturbado, Razumíkhin, também ex-estudante de Direito e amigo de Raskólnikov, entre outros diversos personagens. Toda essa trama é bastante envolvente e, apesar dos intensos questionamentos e reflexões, o livro consegue de prender do início ao fim.
Crime e Castigo é uma obra excelente e que levanta muitas questões interessantes. Ao acompanhar as etapas de antes, durante e depois do crime, o leitor consegue enxergar um pouco daquilo que se passa na mente de uma pessoa que resolve cometer um assassinato totalmente no impulso, com o objetivo de comprovar uma teoria. Através dessa trama também é possível se questionar acerca do valor de uma vida humana, afinal, o protagonista se sentiu no direito de determinar a importância daquela senhora para a comunidade, como se ela fosse algo descartável. Logo, esse é um livro essencial para refletir sobre o conceito de crime e como esse acontecimento afeta a vida das pessoas. Recomendo muito a leitura e com certeza pretendo ler outras coisas do Dostoiévski.
Minha Estante #87
Título: Crime e Castigo
Título: Crime e Castigo
Autor (a): Fiódor Dostoiévski
Páginas: 568
Editora: 34
Nota: 5/5
Onde comprar: Amazon | Saraiva
Livro representante da Rússia para o projeto Lendo o Mundo
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Já leram Crime e Castigo ou outro trabalho do Dostoiévski? O que acharam? Me contem nos comentários!
4 comentários
Oi, Gabi!
ResponderExcluirPago pau pra quem lê Dostoiévski. Eu acho que não seria uma boa leitura pra mim... Eu já tentei, mas não sou uma pessoa muito chegada a clássicos. Mas que bom que você leu rápido e gostou. Isso que importa.
Beijos
Balaio de Babados
Oi, Luiza! Eu tinha um certo receio em relação aos clássicos, mas decidi dar uma chance a eles e tenho adorado as experiências. Beijos ♥
ExcluirLi Crime e Castigo e sofri imensamente com o protagonista. Adorei o final. Li TB O idiota. Fiquei apaixonada por esse maravilhoso "idiota", q nada tinha disso.
ExcluirOlá,adorei ler "Crime e castigo". Foi o meu segundo contato com a literatura de Dostoiévski- o primeiro livro que li dele foi "Os irmãos Karamázov "(perfeito!❤)
ResponderExcluirNão vai sair sem deixar um comentário, né? Sua opinião é muito importante para mim.
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